O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é amplamente conhecido por seus impactos no desempenho escolar, na atenção e no comportamento impulsivo. No entanto, um dos aspectos mais delicados, e muitas vezes menos discutidos, está relacionado às habilidades sociais e à capacidade das crianças com a condição de se relacionarem com seus pares.
É comum que crianças com TDAH enfrentem dificuldades no convívio social desde muito cedo, o que pode afetar profundamente seu bem-estar emocional, autoestima e desenvolvimento global. Compreender como o TDAH afeta essas relações e o que pode ser feito para ajudar é fundamental para pais, professores e profissionais da saúde.
Entendendo o TDAH além da atenção
O TDAH não é apenas um problema de atenção. Ele envolve três principais grupos de sintomas:
- Desatenção: dificuldade em manter o foco em atividades, esquecer instruções, não seguir regras sociais básicas por distração;
- Hiperatividade: inquietação motora, necessidade constante de se movimentar, dificuldade em esperar ou permanecer sentado;
- Impulsividade: agir sem pensar, interromper conversas, invadir o espaço dos outros, fazer comentários inadequados.
Esses comportamentos têm reflexos diretos nas interações sociais e podem dificultar a criação e manutenção de amizades.
Como o TDAH impacta as habilidades sociais?
Dificuldade de perceber pistas sociais sutis
Crianças com TDAH muitas vezes não percebem sinais não verbais como expressões faciais, tom de voz ou linguagem corporal. Isso pode levá-las a interpretar mal situações sociais e agir de forma inadequada.
Comportamentos impulsivos
A impulsividade pode gerar falas ou ações inesperadas, invasivas ou até ofensivas, mesmo sem intenção. Interromper jogos, mudar regras de maneira arbitrária ou falar fora de hora são comportamentos comuns.
Baixa tolerância à frustração
Brigas e desentendimentos com colegas podem surgir quando a criança com TDAH não aceita perder ou quando reage de forma intensa a pequenos conflitos.
Dificuldade para esperar sua vez
Em ambientes como escolas ou festas infantis, onde é necessário compartilhar, esperar e cooperar, essas crianças podem ser vistas como “mandonas” ou “desagradáveis” pelos colegas.
Tendência a se envolver em conflitos
Por não regularem bem suas emoções e reações, algumas crianças com TDAH se envolvem frequentemente em desentendimentos. Isso pode gerar rejeição por parte dos colegas e afastamento social.
As consequências emocionais da rejeição social
A dificuldade de se enturmar pode gerar uma sensação constante de inadequação. Crianças com TDAH muitas vezes sentem que “não se encaixam” ou que estão sempre “fazendo algo errado”. Isso pode levar a:
- Baixa autoestima;
- Ansiedade social;
- Evitação de ambientes com outras crianças;
- Tristeza ou irritabilidade;
- Aumento dos comportamentos desafiadores.
Além disso, a rejeição social contínua pode alimentar um ciclo de isolamento e piora do comportamento, agravando ainda mais os sintomas do TDAH.
Estratégias para melhorar as habilidades sociais
Com apoio e orientação adequada, é possível ajudar a criança com TDAH a desenvolver competências sociais importantes. Aqui estão algumas estratégias eficazes:
1. Intervenção precoce
Quanto antes o TDAH for diagnosticado e tratado, maiores são as chances de prevenir dificuldades sociais mais graves. O acompanhamento médico e psicológico desde cedo é essencial.
2. Terapias focadas em habilidades sociais
A terapia comportamental e os grupos de habilidades sociais ajudam a criança a identificar e praticar comportamentos sociais apropriados, como ouvir o outro, esperar sua vez, respeitar regras e lidar com frustrações.
3. Apoio escolar
Professores precisam ser orientados a mediar conflitos e estimular interações positivas em sala de aula, criando um ambiente mais acolhedor e estruturado para todos os alunos.
4. Envolvimento familiar
Pais e cuidadores têm papel fundamental no desenvolvimento social da criança. Brincar junto, conversar sobre os sentimentos e orientar a criança sobre como lidar com diferentes situações sociais pode fazer grande diferença.
5. Reforço positivo
Elogiar comportamentos sociais adequados fortalece a autoestima e incentiva a repetição dessas atitudes. A criança precisa perceber que é capaz de interagir bem e ser querida pelos colegas.
O papel do tratamento medicamentoso
Em muitos casos, o uso de medicamentos sob supervisão do neuropediatra pode ajudar a reduzir os sintomas de impulsividade e desatenção, favorecendo as interações sociais. Com maior autocontrole, a criança tende a se envolver menos em conflitos e a ter mais sucesso nas interações.
Vale lembrar que o medicamento não ensina habilidades sociais, mas pode criar um ambiente interno mais propício para que a criança aprenda e pratique esses comportamentos.
O impacto do TDAH vai muito além das dificuldades escolares. As habilidades sociais e os relacionamentos com outras crianças são áreas profundamente afetadas pelo transtorno e merecem atenção especial.
Pais, educadores e profissionais da saúde precisam trabalhar em parceria para ajudar essas crianças a se sentirem aceitas, compreendidas e capazes de criar vínculos saudáveis. Promover a inclusão social e o fortalecimento emocional desde cedo não apenas melhora a qualidade de vida da criança com TDAH, como também contribui para seu desenvolvimento pleno em todas as áreas da vida.
Com quem você pode contar para saber mais sobre este assunto?
A Dra. Cláudia Pechini é Neurologista Infantil e possui Título de Especialista em Neurologia Infantil pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). São anos de experiência nos cuidados com crianças e adolescentes a fim de garantir o pleno desenvolvimento de todas as suas habilidades.
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Dra. Cláudia Pechini
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