O desenvolvimento neuropsicomotor refere-se à aquisição progressiva de habilidades motoras, cognitivas, sociais e emocionais que uma criança experimenta desde o nascimento. Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, mas existem marcos que são esperados em determinadas idades. Quando estes não são alcançados dentro de um período considerado normal, isso pode indicar um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Identificar sinais precoces de atraso é fundamental para garantir que a criança receba o suporte necessário. Neste texto, vamos discutir o que é o desenvolvimento neuropsicomotor, quais são os sinais de alerta em diferentes idades e quando é o momento certo de procurar um especialista.
O que é Desenvolvimento Neuropsicomotor?
O desenvolvimento neuropsicomotor engloba o progresso de habilidades motoras (grossas e finas), cognitivas, linguísticas e sociais. Ele ocorre em etapas previsíveis, conhecidas como marcos de desenvolvimento. Alguns exemplos destes incluem:
- Desenvolvimento motor grosso: controle de grandes grupos musculares, como sentar, engatinhar, andar e correr;
- Desenvolvimento motor fino: coordenação de movimentos mais precisos, como pegar objetos, manipular brinquedos e usar talheres;
- Desenvolvimento da linguagem: compreensão e produção de palavras, sons e frases;
- Desenvolvimento social e emocional: habilidades de interação social, comunicação não verbal, reconhecimento de emoções e vínculo com os cuidadores.
Cada uma dessas áreas tem suas próprias fases, e as crianças passam por elas em diferentes ritmos. No entanto, atrasos significativos em uma ou mais áreas podem ser um sinal de que é necessário investigá-los mais a fundo junto a um especialista.
Sinais de alerta por faixa etária
Alguns atrasos podem ser sutis e difíceis de identificar, enquanto outros são mais evidentes. Vamos ver os sinais de alerta em diferentes idades que podem indicar a necessidade de avaliação.
De 0 a 6 meses
Nos primeiros meses de vida, o bebê passa por um período de intensa descoberta do mundo ao seu redor. Durante essa fase, os pais devem observar:
- Até 2 meses: o bebê não reage a sons altos, não segue objetos com os olhos ou não sorri para os rostos familiares;
- Até 3 meses: não levanta a cabeça quando está de bruços;
- Até 4 meses: não tenta alcançar objetos ou segurar brinquedos;
- Até 6 meses: não rola de um lado para o outro, não reage a brincadeiras como “esconde-esconde”, ou não demonstra interesse em interagir com pessoas.
De 6 a 12 Meses
Durante o primeiro ano, o bebê começa a desenvolver habilidades motoras mais complexas, além de aprimorar a comunicação e interação social. Alguns sinais de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor incluem:
- Até 9 meses: o bebê não senta sem apoio ou não balbucia sons como “mamá” ou “papá”;
- Até 10 meses: não demonstra interesse em engatinhar ou mover-se para alcançar objetos;
- Até 12 meses: não fica em pé com apoio, não imita sons ou ações simples, como bater palmas ou dar tchau.
De 1 a 2 Anos
Nessa fase, a criança deve começar a caminhar, falar palavras simples e interagir mais ativamente com o mundo ao seu redor. Alguns sinais de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor incluem:
- Até 18 meses: não caminha sozinho, tem dificuldade em usar objetos para brincar (como empurrar um carrinho) ou não diz pelo menos algumas palavras compreensíveis;
- Até 24 meses: não forma frases de duas palavras, como “água, por favor”, ou tem dificuldades marcantes em caminhar e correr.
De 2 a 3 Anos
Nos anos pré-escolares, o desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais deve se intensificar. Sinais de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor nesse período incluem:
- Até 3 anos: não consegue formar frases curtas, tem dificuldade em entender instruções simples, não consegue subir escadas ou demonstra dificuldade em interagir com outras crianças ou adultos.
Fatores de risco e possíveis causas
O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor pode ser causado por vários fatores, incluindo:
- Prematuridade: bebês prematuros podem apresentar um ritmo de desenvolvimento mais lento nos primeiros anos;
- Complicações no parto ou durante a gestação: problemas no desenvolvimento intrauterino ou no momento do nascimento, como falta de oxigênio, podem afetar o desenvolvimento cerebral;
- Condições genéticas: síndromes genéticas, como a Síndrome de Down ou Transtornos do Espectro Autista (TEA), podem afetar o desenvolvimento neuropsicomotor;
- Problemas neurológicos: lesões cerebrais ou condições como paralisia cerebral podem resultar em atraso nas habilidades motoras;
- Ambiente: fatores ambientais, como falta de estimulação adequada ou problemas socioemocionais, também podem contribuir para atrasos no desenvolvimento.
Quando procurar um especialista?
Sempre que houver suspeita de atraso em um ou mais aspectos do desenvolvimento, é importante consultar um pediatra ou neuropediatra.
O pediatra, em geral, acompanha o desenvolvimento da criança nas consultas regulares, e se ele identificar algo fora do esperado, poderá encaminhá-la para avaliação com um especialista, como um neuropediatra, neuropsicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional ou fonoaudiólogo, dependendo da área afetada.
Alguns motivos para procurar um especialista incluem:
- Marcos de desenvolvimento não atingidos: se a criança não estiver atingindo os marcos esperados para sua idade em áreas como linguagem, motricidade ou interação social;
- Comportamentos incomuns: movimentos repetitivos, ausência de contato visual, desinteresse em interações sociais ou sensibilidade extrema a sons, luzes ou texturas;
- Regressão: se a criança, após ter adquirido certas habilidades (como caminhar ou falar), começa a perder essas capacidades;
- Fatores de risco: bebês prematuros, com baixo peso ao nascer ou que passaram por complicações no nascimento, devem ser monitorados com maior atenção, pois apresentam um risco maior de atrasos.
Com quem você pode contar para saber mais sobre este assunto?
A Dra. Cláudia Pechini é Neurologista Infantil e possui Título de Especialista em Neurologia Infantil pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). São anos de experiência nos cuidados com crianças e adolescentes a fim de garantir o pleno desenvolvimento de todas as suas habilidades.
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