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TEA em meninas: por que o diagnóstico pode ser mais difícil?

TEA autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por desafios na comunicação, na interação social e por padrões de comportamento repetitivos e restritos. Embora o TEA seja frequentemente associado a meninos, muitas meninas também estão dentro do espectro, mas com características que podem dificultar o diagnóstico.

Estudos indicam que há uma diferença na forma como o autismo se manifesta entre os sexos, levando a um subdiagnóstico em meninas. Neste artigo, discutiremos os motivos pelos quais o diagnóstico do TEA em meninas pode ser mais desafiador e como pais, educadores e profissionais de saúde podem identificar sinais precoces.

Autismo: uma condição que se manifesta de forma diferente em meninas.

O TEA é tradicionalmente diagnosticado com maior frequência em meninos. As estatísticas apontam que a proporção de diagnósticos é de aproximadamente 4 meninos para cada 1 menina. No entanto, muitos especialistas acreditam que essa diferença pode ser parcialmente explicada pelo fato de que as meninas frequentemente apresentam características menos evidentes ou diferentes daquelas observadas nos meninos.

Algumas meninas podem demonstrar um perfil mais discreto, com maior capacidade de adaptação social, o que pode levar pais e professores a não perceberem sinais claros do TEA. Além disso, os critérios de diagnóstico foram historicamente desenvolvidos com base em estudos predominantemente realizados em meninos, o que pode tornar mais difícil a identificação em meninas.

Por que o diagnóstico do TEA em meninas é mais difícil?

1. Camuflagem Social: a capacidade de “mascarar” os sintomas.

Um dos principais fatores que dificultam o diagnóstico do TEA em meninas é a camuflagem social, também chamada de “masking”. Isso significa que muitas meninas no espectro aprendem, desde cedo, a imitar comportamentos sociais típicos para se encaixar em seu meio. Isso pode incluir:

  • Forçar o contato visual, mesmo que isso seja desconfortável;
  • Repetir frases e expressões copiadas de outras pessoas;
  • Observar e imitar colegas para parecerem mais integradas socialmente;
  • Controlar seus comportamentos repetitivos (como balançar as mãos ou repetir movimentos) em ambientes sociais.

Essa habilidade de “mascarar” pode levar ao diagnóstico tardio ou até mesmo a um erro diagnóstico, fazendo com que algumas meninas sejam interpretadas apenas como “tímidas”, “introvertidas” ou “perfeccionistas”.

2. Menos hiperatividade e comportamentos evidentes

Meninas com TEA geralmente demonstram menos comportamentos disruptivos em comparação com meninos. Isso significa que elas podem ter menos episódios de hiperatividade e menos crises evidentes em sala de aula ou em casa.

Enquanto meninos com TEA muitas vezes demonstram comportamentos mais visíveis, como dificuldade em ficar sentados, impulsividade e resistência a seguir regras, as meninas podem ser mais caladas e parecer apenas distraídas. Essa diferença pode levar a um atraso na busca por avaliação profissional.

3. Interesses restritos que se misturam com os de outras crianças

Crianças com TEA frequentemente desenvolvem interesses restritos e intensos por determinados temas. Nos meninos, esses interesses costumam ser mais facilmente percebidos, como um fascínio por números, dinossauros ou mapas.

Já nas meninas, esses interesses podem ser mais sutis e socialmente aceitos, como:

  • Obsessão por bonecas, organizando-as de maneira específica;
  • Interesse intenso por personagens fictícios ou séries;
  • Foco excessivo em detalhes da moda ou estética.

Como esses interesses podem parecer comuns para a idade, muitas vezes os pais e professores não percebem que há um padrão repetitivo ou uma intensidade atípica nesses comportamentos.

4. Maior facilidade em criar relacionamentos superficiais

Embora meninas com TEA também tenham dificuldades nas interações sociais, elas podem ser mais bem-sucedidas em formar relacionamentos superficiais do que os meninos com o transtorno.

Isso não significa que as interações sejam fáceis ou naturais para elas, mas sim que podem conseguir participar de grupos sociais sem que suas dificuldades sejam evidentes. No entanto, muitas vezes essas amizades não são profundas e há um grande esforço para manter a aparência de sociabilidade.

Na adolescência, essas dificuldades podem se tornar mais evidentes, com aumento da ansiedade social e sensação de isolamento.

5. Diagnóstico confundido com outros transtornos

Muitas meninas no espectro são diagnosticadas erroneamente com outros transtornos antes de receberem um diagnóstico de TEA. Algumas condições frequentemente confundidas com autismo incluem:

  • Transtorno de Ansiedade Social – Devido à dificuldade em interações sociais e à tendência ao isolamento;
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – Pela presença de interesses restritos e padrões de comportamento repetitivos;
  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) – Pela distração e dificuldades de concentração;
  • Depressão e Baixa Autoestima – Pela dificuldade em criar conexões sociais profundas e o esforço constante de camuflagem.

Essa confusão pode levar a anos de sofrimento sem o suporte adequado.

Sinais de TEA em meninas: o que observar?

Para ajudar na identificação precoce, é importante que pais, professores e profissionais de saúde fiquem atentos a alguns sinais comuns em meninas com TEA:

  • Dificuldade em entender regras sociais implícitas (por exemplo, saber quando é sua vez de falar em uma conversa);
  • Tendência ao isolamento ou a preferir brincadeiras solitárias;
  • Imitação de comportamentos sociais para parecer “normal” em grupo;
  • Interesses intensos e específicos, mas muitas vezes socialmente aceitos;
  • Alta sensibilidade sensorial, podendo se incomodar com barulhos, tecidos ou cheiros;
  • Exaustão após interações sociais, podendo precisar de longos períodos sozinha;
  • Dificuldade em expressar emoções ou compreender sentimentos dos outros;
  • Ansiedade elevada e tendência ao perfeccionismo.

Por que o diagnóstico precoce é importante?

Receber um diagnóstico correto é fundamental para que a menina tenha acesso a intervenções adequadas. A identificação precoce permite:

  • O desenvolvimento de estratégias para lidar com desafios sociais e emocionais;
  • O suporte escolar adequado para evitar dificuldades acadêmicas;
  • O acompanhamento psicológico para reduzir riscos de ansiedade e depressão;
  • A construção de um ambiente mais compreensivo e acolhedor.

Infelizmente, muitas meninas com TEA só são diagnosticadas na adolescência ou na vida adulta, muitas vezes após anos de dificuldades emocionais e tentativas frustradas de entender suas diferenças.

O TEA em meninas pode ser mais difícil de identificar devido à camuflagem social, aos interesses mais aceitos socialmente e à menor manifestação de comportamentos disruptivos. No entanto, a identificação precoce é essencial para garantir um suporte adequado e melhorar a qualidade de vida dessas crianças e adolescentes.

Com quem você pode contar para saber mais sobre este assunto?

A Dra. Cláudia Pechini é Neurologista Infantil e possui Título de Especialista em Neurologia Infantil pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). São anos de experiência nos cuidados com crianças e adolescentes a fim de garantir o pleno desenvolvimento de todas as suas habilidades.

Agende uma consulta para você ou seu pequeno e esclareça todas as suas dúvidas sobre o assunto!

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